Quintino Cunha

José Quintino da Cunha  advogado, escritor, humorista e poeta cearense. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Ceará em 1909, onde começou a exercer a profissão de advogado criminalista. Foi deputado estadual entre 1913 e 1914. Ficou bastante conhecido por seu estilo irreverente e carismático, também lembrado pelas anedotas que contava.

Seu primeiro livro: “Diferentes” foi prefaciado pelo filósofo Farias Brito. Dois originais de Quintino Cunha se extraviaram: O romance de sua vida que ele escreveu quando foi preso por ter casado desobedecendo às ordens superiores da Escola Militar do Ceará, onde fizera o curso como cadete do Exército, e “Versos de Cores”, já escrito no Amazonas, onde viveria com sua esposa, após sair do Ceará.

Lá também, em Manaus, em 1902, conforme as Notas de Viagens de Bezerra de Menezes, residia seu irmão João Quintino da Cunha, igualmente poeta e, por coincidência também morreu pobre. Dizia que o Amazonas era “O Paraíso dos brutos e o inferno dos cearenses”.

Publica em Paris, na França; quando lá esteve em 1907, o livro “Pelo Solimões”, obra de valor inestimável, que mereceu referências elogiosas por parte da crítica internacional. Anos depois, quando voltou de Paris, foi agraciado por Dom Carlos, Rei de Portugal, com a medalha de “Honra ao Mérito” por relevantes serviços à colônia Portuguesa.

Ficou viúvo, ainda quando morava no estado do Amazonas, vitimada por febre (malária). Ao retornar ao Ceará, sua terra natal, veio novamente a casar-se com Maria, a quem dedicou seu imortal poema “O Encontro das Águas”, transcrito adiante. Certa vez, Quintino Cunha pescava nas águas de um lago no Alto Amazonas, o que ele sempre fazia com prazer. Pensava na sua infância, nos seus amores, nas suas tristezas; quando uma canoa com dois senhores e um remador aproximou-se dele. Houve então seguinte diálogo: – Oh! Amigo, bom dia. – Bom dia, respondeu Quintino. – O que está a fazer? – Pescando a vida. Responde com um sorriso o poeta. E foi assim que se conheceram Quintino e Euclides da Cunha e desde então se tornaram amigos.

Euclides da Cunha publicou uma crônica na imprensa de Manaus sobre “O poeta Quintino, poeta de verdade”! Pela Segunda vez Quintino perde sua Segunda mulher, ficando sozinho com seus filhos. Tempos depois encontra uma nova companheira, que ampara com amor o poeta e suas crianças. Casou-se, pela primeira vez com: Ana Carneiro Cunha tiveram dois filhos: Osmar e Lourdith. O Segundo matrimônio foi com: Francisca Accetti Cunha tiveram quatro filhos: Virgínia, Plautus (seu principal biógrafo), Cleanto e Yanê. O terceiro matrimônio foi com: Tereza de Araújo Cunha tiveram 7 filhos: Taís, Nelda, Rosemeire, Eitel, Dalô, Zir e Maria do Carmo.

 “Pelo Solimões” é o livro de Quintino Cunha poeta e nele há uma valorização sugestiva de motivos populares, tradicionais e folclóricos, fixados com precisão, com elegância, com originalidade. Não houve apenas o motivo da paisagem social amazônica utilizada para fins líricos, mas a clara intenção distinta de sua preferência literária. Assim seus livros guardam, nos versos, a documentação direta e limpa do arquivo oral do setentrião brasileiro.

Quintino Cunha viveu em meio a grandes dificuldades financeiras agravadas pelos encargos de família numerosa. Faleceu em consequência de uma malária contraída quando vivia no Amazonas. Tinha então 70 anos. Lê-se no seu túmulo: “O Padre eterno, segundo refere à história sagrada, tirou o mundo do nada. Eu nada tirei do mundo”.

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